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Vemo-nos em Sião

Vemo-nos em Sião


É incrível o  encontrão que a morte te deu ao passar por ti na rua e saber que no entanto, não viraste a cara.

                         

 

 

 

Num dia como hoje o silêncio impõe-se mais pesado e vazio do que é suposto ser o silêncio...e ainda assim morremos, porque ontem morremos todos um pouco a tua morte.

Hoje, Teresa, sinto-me amputado e não sei como dizer-te que não teria necessariamente que ser assim.

Hoje, Teresa, foi ainda mais denso abraçar os meus filhos;

foi ainda mais profundo olhar para os teus colegas, os teus companheiros do Caminho;

foi ainda mais intenso perceber como o silêncio é algo avassalador por estes dias e que ninguém está disposto a perder-te.

Lembro-me de teres ido ter comigo ao 2º ciclo na 2ª segunda feira depois do regresso do Caminho de Fevereiro. Levavas uma fotografia em que estávamos juntos: eu, tu e o Zé Miguel. Atrás dizia: “Para mais tarde recordar”.

Em Setembro, em Santiago, comprei a cruz para o Caminho de Fevereiro. Uma daquelas cruzes de madeira que levo comigo para os Caminhos e que, perto de Santiago, dou sempre a alguém, como acção de graças pelos companheiros que Deus pôs ao meu lado para caminhar.

A cruz é para ti, Teresa, para o Caminho que não podemos percorrer juntos.

Gostamos muito de ti e, num dia como o de hoje, tem mais sentido dizer que continuamos a caminhar até nos encontrarmos outra vez e fazer a mesa – comum da comunhão das santos, nessa terra para onde profundamente caminhamos.

Vemo-nos em Sião, Teresa. Vemo-nos em Sião.

 

Notícia retirada do jornal LusoLetras, jornal interno do colégio, em Dez. 2005

autor do texto Prof.

José Rui