





Teresinha,
Como tão bem sabes, hoje faz mais um ano que nasci, apenas isso. O último aniversário que consigo recordar é o que passei contigo, a 28 de Abril de 2005, tu internada no IPO em medicina 3, a fazeres tratamento de quimioterapia, noite e dia ininterruptamente, durante 4 longos dias, acredita que todos os outros foram ofuscados.
Lembro-me de comentares o facto de eu estar a passar o dia de forma tão triste, metida no hospital por tua causa e de eu te ter dito que contava contigo, para o meu próximo aniversário / festa de arromba.
Nunca veio a acontecer nem aniversário nem festa, pois entretanto, contrariamente à tua e minha vontade, tu partiste…
Escrevo estas palavras para ti, o quanto gostaria de te ter comigo, minha querida filha.
O passado não esquece, o presente é uma obrigação, o futuro não conta.
A monotonia dos dias, ora preto ora branco, é quebrada por aqueles que ainda conseguem ser mais tristes, outrora alegres, a cores.
A tua imagem foi colocada por toda a casa e venero tudo em que tocaste, ou gostaste, ou te pertenceu.
Nas reuniões de família ou amigos a minha presença descoalha o ambiente, não consigo evitar. Fala-se de assuntos do dia a dia, por vezes situações caricatas que aconteceram, ambiente descontraído, alegre, os presentes trocam piadas, riem-se, parece que está tudo normal, todos tentam fugir ao sofrimento, eu não tenho escolha. Com um brilhozinho nos meus olhos tristes, falo de ti sempre que posso e fico radiante quando alguém simplesmente pronuncia o teu nome…, que melodia suave nos meus ouvidos.
Fecho os olhos e consigo ver-te, quando os abro tu já partiste, a dor da tua ausência entranha-se em mim e sinto um nó apertado na garganta.
Hoje faz apenas mais um ano que nasci, não sinto que é o meu aniversário… mais um dia cinzento escuro.
A tua mãe