





É verdade, já mais de 300 pessoas te dedicaram umas palavrinhas no teu memorial. Sinto, quando as leio, um sabor agridoce, pois preferia ter-te aqui comigo, infelizmente impossível.
A ideia de criar este cantinho, dedicado a ti, na Internet serviu essencialmente para esvaziar, um pouco, a dor que já não cabia em mim e ao mesmo tempo possibilitar a quem quiser, apenas com um clique, pronunciar-se a teu respeito.
Efectivamente fui eu que dei o 1º passo, mas apenas isso, depois já o teu pai, familiares, amigos e muitos desconhecidos enriqueceram-no com os seus carinhosos e sinceros testemunhos.
Os primeiros passos foram complicados, a vontade imensa de começar a exteriorizar e seleccionar os temas era tolhida pelas lágrimas, que teimavam em cair, toldavam-me o olhar, impossibilitando-me o raciocínio e a escrita.
Prosseguir foi só possível porque sou teimosa, persistente e porque achava que a tua história de vida não poderia ser privilégio de alguns que te conheceram. Para além disso pude contar sempre com a colaboração do Rui Nascimento, autor do site “www.Recordar-te.com “, a quem eu estou muito agradecida por todo o apoio.
Fico sensibilizada e emocionada quando leio as dedicatórias que te escrevem, costumo dizer que é água que me mata a sede, principalmente quando os autores são pessoas que não te conheceram e mesmo assim te dirigem palavras que te assentam que nem uma luva.
Como sabes Tété, o nosso problema não tem solução, estamos definitivamente separadas fisicamente e são estes simples e pequenos gestos que me ajudam a resignar-me à condição de órfã de filha…, poderá dizer-se assim? Que estranha situação que nem o dicionário conseguiu resolver.
Tu és, sem a menor dúvida, merecedora desta janela aberto ao mundo.
A paixão que tinhas por mim, sim porque tu amavas-me incondicionalmente, não tenho a menor duvida, o teu bom senso, imparcialidade, o teu sentido de responsabilidade, o empenhamento que depositavas em tudo o que fazias, a coragem que demonstraste com 16 anos apenas perante as vicissitudes de que foste vitima, a tua história merece ser registada e divulgada.
Eu, mais do que ninguém, fui testemunha desse teu carácter, fui, sou e serei mãe de uma filha extraordinária, nunca deixarei de o ser e faço questão de o referir sempre que posso.
Teresinha,
A tua história de vida serve de exemplo e conforto a quem sofre e já não consegue fugir.
Não será a única obviamente, mas é sem duvida, através do teu memorial, uma das forma que encontrei para te continuar a dar amor, carinho e suavisar as saudade que tenho de ti, para além disso serve para alimentar o teu desmorrer, que continua vivo dentro de mim.
Para ti, minha querida filha, um até breve, espero bem...