





A dor é indescritível.
Não vale a pena o refúgio dos advérbios de modo nem a arrogância dos adjectivos.
Não vale a pena palavras e frases feitas, de ocasião.
Não vale a pena.
Se as quiserem dizer os amigos, digam, não terei nunca a insensatez de as levar a mal.
Sou o farrapo com que absorvo as lágrimas.
Acima de tudo, sou o fiel depositário dos sonhos que nunca realizaste.
Aos dezassete anos, um deus desconhecido, impotente como um homem, achou por bem acabar-te com a força, toda aquela força que te fez correr e saltar e lutar. E na derrota, foste a grande vencedora.
Eu não te vou recordar pelo dia de hoje, mas pelo teu legado jovem, tenro, de coragem e vontade de viver. Para mim, ainda hás-de ganhar a maratona, bater recordes nos jogos olímpicos da minha saudade. E acima de tudo, da minha admiração.
Descansa em paz, minha querida.
Carlos Luís 2005-12-12 10:31:56
Terça- feira, Dezembro 13, 2005 – último adeus
Maria Teresa:
Sem palavras... Quando todas as palavras deviam ser ditas.
Sem sentimentos... Quando todos deviam cá estar.
Sem noção. Não querer ter a noção que as coisas passam inexoravelmente e estão perdidas.
Ficaram comigo as palavras que não tive coragem para dizer, quando pude.
Ficam comigo os momentos.
Tudo dói, faço por não pensar nas coisas, neste momento quero fugir e esconder-me com vergonha do que não fui e acabei por não ser.
Sinto-me mal.
Muito mal. Por dentro.
Uso estratagemas para acabar a dor.
Faço tudo para me esconder.
Não quero ver.
Quero guardar os meus sonhos.
Ver-te como sempre te vi. Ver-te como a pessoa que eras e sempre serás.
Tive medo de te olhar, uma última vez.
O teu pai perguntou-me se tinha gostado da tua companhia e se tinhas sido um bom exemplo... Fiquei sem saber o que dizer, só consegui vociferar umas palavras no meio de um infinito de sentimentos e pensamentos.
Só consegui dizer:
“ Claro que sim, foi o melhor exemplo, nunca duvide disso.”
Quanto à tua companhia eras um sorriso sempre aberto para todos.
Sinto-me inútil… ver as pessoas que te acompanharam muito mais que eu nestes últimos tempos, pensar naquilo que sentem.
Ver as pessoas passarem por mim com o mundo nos olhos e ser pouco.
O teu pai pediu-me para falar de ti e fazer com que ninguém se esquecesse de ti.
Fá-lo-ei de bom grado, se possível com o teu sorriso.
Até sempre.
Vemo-nos em Sião.
Amigo Carlos Jorge
Carlos Jorge 2005-12-13