Ia a bordo de um avião, não me lembro para onde.
A viagem estava a ser agradável, sem turbulências.
De repente, alguém se aproximou de mim e de forma brutal me agarrou e empurrou porta fora.
Tentei agarrar-me, mas não havia nada consistente.
Deixei-me cair.
Voei desgovernada aos trambolhões, piruetas, cambalhotas..., aconteceu de tudo, bem tentava endireitar-me, mas sem sucesso.
O pânico apoderou-se de mim.
Sentia uma dor, um aperto no peito provocada pela deslocação violenta do ar, mal conseguia respirar, de cabeça para baixo as pernas pareciam soltarem-se, a roupa a esvoaçar e a viagem a mergulhar no infinito prosseguia.
Sentia-me exausta, desanimada, infeliz, abandonada, impotente...
Queria chegar, mas a terra firme parecia cada vez mais longe.
No meio d’aquela confusão acordei.
Demorei algum tempo mas, lentamente tudo ficava claro, transparente como água.
Afinal não sonhei, apenas pensava na vida.
Na minha vida sem ti, minha filha.
A tua mãe