Recordar a Teresa

Filhinha passado seis anos e seis meses da tua morte decidi por o teu ipod a carregar.

Quando finalmente concluiu coloquei os auriculares nos meus ouvidos e desejei  que estivessem bem sujos, foi a forma que arranjei para me aproximar de ti.

Comecei a deliciar-me com as tuas musicas preferidas, foi nostálgico e imensamente gratificante.

Como a vida nos modifica. A simplicidade de um gesto preenche e enobrece um dia.

Pensei: - Valeu a pena ter hoje acordado para viver este momento.

Adoro as tuas músicas, agora mais do que nunca, não as irei desgravar ou substituir, o facto de teres sido tu que as seleccionaste faz toda a diferença.

Depois, já no decorrer das audições, não pude deixar de me recordar das nossas viagens de comboio para Suttan, (cidade onde tínhamos as consultas a cerca de 100 Km de Londres), tu sentada sempre ao meu lado, com um auricular no teu ouvido e o outro no meu, de cabeças encostadas seguíamos viagem, trocando palavras apenas com o olhar, para não perturbar o momento.

Agora, que dei mais este passo difícil, irei ouvi-las mais vezes, como fazíamos dantes. Imagino um dos auricular no teu ouvido, está a cantar a Mafalda Veiga, como é bonita a canção“restolho”.

Nunca me separarei dos teus objectos preferidos, são as minhas jóias, pois as verdadeiras deixei de usar.

Descansa em paz,

Saudades

Mãe