





Texto inicial
O filme que vamos ver recorda alguns momentos lúdicos da nossa família, que aconteceram entre o nascimento da nossa filha, ano de 1988 e a sua morte, ano de 2005.
As gravações foram produzidas por nós pais e por ela, não somos profissionais de som e imagem, não esperem, por isso, ver um filme de grande qualidade técnica.
Ao longo do tempo fomos gravando para que no futuro a nossa filha pudesse ver o seu crescimento, rodeada da família e amigos, recordar como eram os Natais na casa dos avós, os locais onde tinha passado boas férias “à maneira”, mostrar aos seus filhos e todos rirem e chorarem....., contudo esta nossa intenção foi completamente arrasada com o seu prematuro desaparecimento, aos 17 anos de idade.
Foi após a morte da Teresinha que pensamos em compilarmos estas imagens.
Inicialmente a coragem era tolhida pelas emoções, até que o prazer na dor de voltar visualizar a nossa filha a mexer, andar, sorrir, ouvir o som da sua voz, a sua maneira de se comportar, a sua relação com os mais pequenos, a sua ligação aos animais e um interminável número de muitos outros motivos, foi mais forte, de outra forma tornou-se impossível e a nossa memória, nos pormenores, começa a pregar partidas....,.
É também grande a vontade de mostrar ao João e ao Miguel a irmã que não conheceram, ouvem falar muito dela, sabem que a Teté nunca deixou nem deixará de fazer parte das nossas vidas, mas nunca tiveram, nem terão infelizmente o prazer da sua presença física.
A história começa assim.........
Estávamos a 13 de Outubro de 1988, numa quinta-feira com muito vento e chuva.
Por volta das 14.00 horas nasce, na Ordem da Trindade, um ser do sexo feminino, com 50cm de comprimento e 3 Kg de peso, de nome Maria Teresa Ramalhão da Silva Pereira, mais conhecida por Tété.
Depois....
Filme............................
Texto final:
A 12 de Dezembro de 2005, numa segunda – feira cheia de sol, em sua casa, por volta das 14.00 horas, a Tété adormeceu para sempre.
“A dor é indescritível. Não vale a pena o refúgio dos advérbios de modo nem a arrogância dos adjectivos. Não vale a pena palavras e frases feitas, de ocasião. Não vale a pena. Se as quiserem dizer os amigos, digam, não terei nunca a insensatez de as levar a mal. Sou o farrapo com que absorvo as lágrimas. Acima de tudo, sou o fiel depositário dos sonhos que nunca realizaste. Aos dezassete anos, um deus desconhecido, impotente como um homem, achou por bem acabar-te com a força, toda aquela força que te fez correr e saltar e lutar. E na derrota, foste a grande vencedora. Eu não te vou recordar pelo dia de hoje, mas pelo teu legado jovem, tenro, de coragem e vontade de viver. Para mim, ainda hás-de ganhar a maratona, bater recordes nos jogos olímpicos da minha saudade. E acima de tudo, da minha admiração.
Descansa em paz, minha querida.”
“É incrível o encontrão que a morte te deu ao passar por ti na rua e saber que no entanto, não viraste a cara.”
Zé Rui
"O sol e o dia brilham mas sem ti
Talvez não sejam mais o sol e o dia.
O sol e o dia agora
Estão lá onde o teu sorriso mora
E não aqui."
Sophia de Mello Breyner
"Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam..."
Pablo Neruda
Até já, Tété!
Março 2010
Eduarda
José